quinta-feira, 8 de março de 2012

Somente na Lembrança - Contando detalhes que não foram escritos




Chegou o dia da tomografia, como a Gi já estava muito brava (pois já estava cansada de tantos exames) foi difícil puncionar a veia, então fiquei do lado dela durante a tomografia.
Depois de feito a primeira parte do exame, chegou a hora em que injetava o contraste, para então ser feito a segunda parte. Depois que a enfermeira injetou o contraste a mesa do tomógrafo moveu de uma maneira errada, o que fez com que a médica visualizasse uma parte do corpo que não iria ser examinada.
Sempre falo que foi a mão de Deus que fez com que do nada essa mesa se movesse de maneira contraria.
A médica parou o exame, me chamou e perguntou se a Gi  já havia tido algum problema no pulmão, eu disse que não, então ela perguntou se já havíamos feito algum exame relacionado aquela região, eu disse a ela que a Gi tinha feito um mapeamento do corpo inteiro havia 1 ano e que o resultado era normal; então ela continuou com as perguntas tipo, porque tinha sido feito esse exame, falei que tinha sido por causa de uma PTLD no intestino daí ela olha para mim e diz assim: mãe eu acho que a doença voltou e a sua filha está com um tumor no pulmão.
Eu fiquei paralisada, sem saber o que fazer, ela então terminou o exame e o laudou; foi visualizada uma massa no mediastino medindo 5x9cm.
Isso aconteceu no dia 07 de janeiro, permanecemos internadas para mais investigações e nos foi apresentada uma nova médica, Dra. Ivy, e desde o início tivemos por ela uma grande confiança e amizade que permanece até hoje.
Depois desse diagnóstico foi tirado novamente o Prograf (imunossupressor) da Gi, aumentado a dose do corticoide e começado o tratamento com ganciclovir, visto que novamente o vírus Esptein barr tinha “acordado”. Foi feito uma biopsia dessa massa cujo resultado foi: Linfoma de Burkitt, grau IV, indolente, agressivo. Sendo a Gi a primeira criança do HC transplanta e com câncer, as imagens foram enviadas para a França e de lá viria o protocolo a ser seguido para o tratamento.
Depois de 40 dias entre internação e ambulatório, como não tinha vindo ainda o protocolo da químio a ser seguido e era carnaval, me deixaram levar a Gi para a praia, vieram então as minhas meninas, meu pai, meu irmão, minha irmã, a Tati, o João e a Rose e conseguimos realizar o sonho dela em ver novamente o mar.
De novo pude ter a alegria em ver a Gi sem soro, correndo, se divertindo; mesmo eu sabendo que ia durar só 4 dias agradecia a Deus por ter permitido essa graça antes de começar uma fase em que não imaginávamos o que iria acontecer. Eu olhava a Gi, tão linda, aparentemente tão saudável e pensava: Senhor será que ela vai aguentar, como vou contar para ela, como vou ficar fora da minha casa por um ano, a única coisa que posso dizer é que tudo se arranja, Deus vai à frente arrumando tudo, só que do jeito Dele e muitas vezes queremos que tudo seja resolvido rapidinho mais o nosso tempo não é igual ao de Deus, e é isso que precisamos aprender e compreender. Até hoje mesmo tendo passado por todas essas situações, quando aparece em minha vida situações que eu jamais esperava que fossem aparecer, temo, sofro choro, mas daí Deus me levanta e eu sigo em frente, ora tropeçando, ora levantando, mas sempre seguindo e nunca desistindo. Foi assim que passamos o ano de 2004, que agora vou contar.

Internada para investigação

                                               Praia antes do início da quimio

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