segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Arapongas, 03 de setembro de 2012




Ontem a Giovana completou 12 anos de transplante. Fiquei o dia todo recordando aquele dia.
Lembro-me como se fosse hoje; eu descendo no elevador entregando ela na porta do centro cirúrgico, ela olhou para trás e foi chorando pedindo por mim, quando recordo esse momento ainda sinto a dor que senti na hora.
Agradeço muito a Deus e ao meu pai pelo infinito amor que tiveram por nós, meu pai porque doou o fígado e a Deus por ter permitido tal graça.
Estamos novamente em provação. Hoje a Gi está com depressão, não está sendo fácil o nosso momento, mas o que me fortalece é o amor de Deus por nós. Ele tem sido o nosso sustento e a nossa força.
Espero que a próxima vez que for postar algo seja a notícia de mais essa vitória na vida da Giovana.








terça-feira, 26 de junho de 2012

Arapongas,26 de junho de 2012

Como sempre estou toda enrolada, mas vai mais algumas fotos da Gi.
Essas fotos são de quando o seu cabelo começou a crescer.
Beijos



 Aniversário de 8 anos









Praia Janeiro 2006

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Arapongas 31 de maio de 2012




Já se passaram sete anos desde a última vez que escrevi no diário da Giovana. Hoje a Gi está com 14 anos, podemos dividir a sua vida em duas etapas: os primeiros sete anos foram enfrentando e vencendo doenças, foram anos de dores e alegrias, de momentos desesperadores e de esperanças, mas acima de tudo foram anos em que a mão de Deus esteve sobre as nossas vidas em todos os momentos. Depois desses sete anos vieram os anos de saúde, anos de vida normal, sem tantos médicos, sem tantas preocupações. Claro que ainda existem dificuldades, ainda existem traumas para serem curados, ainda existem lembranças que doem, mas isso faz parte da vida, tenho certeza que tudo o que acontece nesta vida tem um motivo e que se Deus permite que isso ocorra com certeza é para o nosso crescimento.
Os primeiros sete anos da historia da Gi foram escrito, os últimos sete foram fotografados, e são essas fotografias que agora começo a postar.


                                  Primeira férias pós tratamento.Janeiro de 2005.














domingo, 27 de maio de 2012

Arapongas, 25 de janeiro de 2005




Reli todo o nosso diário e louvo a Deus por tudo ter passado. Foram tantos sentimentos; dor, alegria, perdas, novas amizades, uns entrando outros saindo, mas você está aqui firme e mais vitoriosa.
Estamos na praia, está muito bom, fizemos exames e o seu fígado ainda não está bom, mas tenho certeza que vai melhorar.
Você continua nervosa, me agride depois pede desculpas, tudo que falamos você diz:" Me poupa, tudo eu"? ou se não fala assim: "gostei mas não gostei, não, não sei se gostei mas acho que gostei". Você está bem confusa e muito nervosa, tem dor na barriga, o  Dr Cezar diz que é refluxo ou talvez o corticoide, diz que eu tenho que ter paciência e tentar não dar muito importância para a sua dor, pois é também uma forma de você chamar a minha atenção, eu não sei como agir.
Você está amando ficar na praia, olho você correndo e fico agradecida. No ano passado neste período você estava no hospital e agora está aqui se divertindo e vivendo o que toda criança deveria ter que é saúde, alegria, paz e amor. Agradeço a Deus e a Maria por tudo que fizeram e fazem por você.
                                                                                                       Amor meu
                                                                                                                                    Mamãe

Arapongas, 05 de dezembro de 2004




Amor meu, já estamos em casa, graças a Deus voltamos e todos ficaram muito felizes. Tenho certeza que agora só iremos para Curitiba para exames.

                                                                                        Amo muito você
                                                                                                                      Eu

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Curitiba,27 de novembro de 2004




Amor não fomos embora ainda. Hoje tivemos a maior briga, eu com você e você comigo, estou muito triste, não gosto de brigar com você, nós precisamos ter mais paz, pois tem hora que não somos merecedores de tudo que Deus fez e faz por nós, mas como Ele nos ama muito tenho certeza que perdoa as nossas faltas.
O motivo de não termos indo embora ainda, são que seus exames não estão tão bons. Você fez uma biopsia de fígado no dia 22, o resultado foi Fibrose e Lesão de Ducto, eles acham que é devido ao MTX, agora vai ser feito controle a cada sete dias.
As suas aulas terminam dia 30, acho que 5º feira nós vamos voltar para casa, não vemos a hora de ir embora.
Andamos indo bastante para a praia, seu pai ficou um tempo com a gente, foi muito bom, agora só está eu e você.
Gi, eu te amo muito, quero que Deus te faça mais calma e que eu também fique mais calma.

                                                                                                    Um beijo
                                                                                                                          Eu

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Curitiba,25 de outubro de 2004


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Amor meu, acabei não escrevendo a parte mais feliz da quimio, a “última etapa”.
 No dia 14 de setembro você fez uma medula para ver porque as suas plaquetas demoram a melhorar. O exame mostrou que as plaquetas se formam um pouco menos, então depois desse exame eles resolveram começar a última etapa, ela começou no dia 14 e terminou no dia 19.
Você  usou a Vincristina, Ciclofosfamida, MTX,  Doxo e Prednisona.
No dia 18  precisou fazer uma transfusão de plaquetas, mas na hora teve uma reação e precisou ser internada, ficou sete dias no hospital.
Neste período teve mucosite, sofreu pouco, mas graças a Deus passou tudo.
Fizemos uma tomografia e deu tudo normal, para a honra e louvor a Jesus e Maria.
O seu fígado está um pouco alterado, mas por enquanto não vai ser feito nada, tem que espera passar um período para a quimio parar de agir. Talvez nós vamos embora sábado, você está bem ansiosa.
Vamos sentir saudades de todo mundo, da Iolanda, Dra. Ivy, a sua professora Beth, das suas amigas do ambulatório, do Dr Cezar, da Erica e de muitas outras pessoas que marcaram este período que passamos aqui.
Quero ver se continuo a escrever para que  quando  você for grande, ver o quanto Deus foi maravilhoso em nossas vidas. Ele nunca saiu do nosso lado.
Amo muito você
                                                                                                     Eu

                                                                 

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Arapongas,04 de maio de 2012


Como podem ver fiquei um tempinho sem escrever. Muitas vezes escrevi que as coisas nem sempre são como a gente quer, e de novo ando passando por situações que jamais imaginei que passaria. Mas vou continuar firme, pedindo a Deus pela sua misericórdia e que do mesmo modo que Ele sempre esteve presente em todas as minhas tempestades, que Ele possa de novo estar à frente de tudo.
Como vocês viram no post passado passamos por momentos de muitas felicidades e também de muitas tristezas.
O que mais sinto daquela época foi o fato de ter perdido a minha avó e a minha tia Nair. Perder pessoas que amamos dói demais e eu nem pude me despedir, isso dói muito. Quando vim passar as férias de julho em casa a primeira pessoa que me veio ver foi a tia e quando voltei para Curitiba ela veio se despedir e foi a última vez que a vi, meu maior sentimento é que tanto ela quanto a minha avó não viram a Gi curada, mas tenho certeza que lá do céu elas olham sempre por nós.
Hoje resolvi postar algumas fotos dessa época, são fotos da festa junina que a Gi participou, do aniversário dela de 7 anos, e do casamento do meu irmão que ela foi madrinha.



 Festa Junina


Férias em casa


A saudade era grande demais


Meus 7 anos


 A realização de ser madrinha de aliança

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Curitiba, 16 de setembro de 2004




Gigi meu amor, quanto tempo não escrevo, aconteceram muitas coisas, algumas boas e outras ruins.
As boas são que você está ótima, começamos com a graça de Deus a sua última etapa de quimio.
Fizemos a quarta e quinta etapa com muito sucesso, com a mão de Deus o tempo todo sobre você. Estas etapas foram feitas internada e não teve nenhuma complicação, nem precisou internar depois, conseguiu ir para aula certinha sem nenhum problema. Quando você terminou a quinta etapa foi feito uma tomografia e o seu Linfoma sumiu, não tem mais nada.
Fomos para casa nas férias, ficamos três semanas, foi muito bom. Andamos indo para praia, você ama o mar. O tio Gustavo casou e você foi a madrinha, ficou maravilhosa e conseguiu realizar o seu sonho que era por um vestido bem rodado e uma luva.
Neste período o seu pai veio ficar com a gente, foi muito bom. Ele ficava com você no hospital e você se divertia.
As coisas tristes são que perdemos a tia Nair no dia 16/08 e a bisavó Maria no dia 02/09, a bisa morreu no dia em que você completou quatro anos de transplante, ficamos muito tristes.
Aqui do ambulatório foram para o céu muitas crianças que conhecemos. Foi a Gabriela, o Wesley, o João Carlos, o Dieguinho, o Valdevir, todos vão deixa saudades, peço a Deus que olhe pelos seus pais e agradeço a Ele por você estar tão bem.
                                                              Amo muito você, você é a minha paixão.
                                                                                                                       Mamãe

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Somente na Lembrança - Contando detalhes que não foram escritos




Como já mencionei, o protocolo de quimio que a Gi iria seguir eram de seis etapas, sendo que a quarta e quinta seriam internadas.Então quando chegou a quarta etapa ficamos apreensivas sem saber como a Gi iria passar por mais essa fase.
Nas outras vezes em que ela internava, ela estava sempre tão mal que nem questionava a internação, mas agora era diferente ela estava boa e tinha que ir para o hospital.
A internação seria de 7 dias, 24 horas correndo a quimio e entre a troca de um frasco pelo outro ela iria tomar banho. Como essa quimio era muito forte e poderia causar um dano ao rim ela tinha que correr juntamente com uma hidratação, então a quimio corria pelo cateter e puncionaram uma veia no braço onde corria a hidratação.
Diante de toda essa situação imaginávamos que não seria fácil, mas como Deus sempre estava à frente de tudo Ele novamente agiu e tudo aquilo que parecia ser muito difícil acabou sendo mais fácil.
Quando a Gi internou ela conheceu o Lucas que estava internado tratando de Leucemia, logo eles se tornaram amigos e ficavam o tempo todo juntos brincando na sala de recreação e de noite quando eu ia embora ele sempre dizia que iria tomar conta dela. Ele era uma graça, sempre esperava a Gi acordar para tomarem o café da manhã juntos, almoçavam juntos e dormiam no mesmo quarto. O Lucas marcou muito a nossas vidas , quando nós o conhecemos ele estava tratando pela terceira vez de Leucemia mas estava bem. 
Depois que a Gi terminou todo o tratamento  voltávamos todos os meses em Curitiba e encontrávamos ele no ambulatório, só que o tratamento dele não foi dando resultado e ele faleceu, até hoje quando lembro dele me dá um aperto no coração, fico lembrando do seu sorriso, da sua bondade, mas tenho certeza que Ele está junto do Pai.
Quando a Gi teve alta ela estava muito bem, e eu havia comentado com o médico que cuidava dela que a minha filha mais velha iria fazer 15 anos. Então eles permitiram a nossa ida para nossa casa então, depois de quatro meses e 25 dias retornamos para Arapongas para passar um final de semana. Viemos de surpresa e fui esperar a Aline na porta do colégio com um buque de flores, até hoje ela diz que foi o melhor presente que ela teve em sua vida. Ficamos só um final de semana, mas mesmo assim foi muito bom, triste foi a despedida, deixar para trás quem amamos dói demais.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Curitiba, 25 de maio de 2004



Amor da minha vida, no dia 06/05 você internou de novo com as defesas baixa, ficou oito dias. Precisou transfundir plaquetas e hemácias, mas graças a Deus você melhorou logo.
Imagine que teve uma noite que você reclamou tanto que o Dr Cezar acabou passando um pedaço da noite com você, ele tem um carinho muito grande por você e você é apaixonada por ele. Quando você saiu do hospital a vó estava com a gente, você passou uma semana ótima, foi na escola, não teve dor, recebeu visitas, ganhou uma Barbie do Zé Mauro (você também ama muito ele) e uma pantufa da tia Nelci. Neste final de semana as meninas e a Tati vieram para cá  e quem trouxe foi o tio Gustavo, foi muito bom.
Agora você está internada para fazer quimio. A medicação vai ser Ara-C ,dizem que dá muita reação, mas já estreguei a Deus para que Ele possa tirar todos os efeitos colaterais para que você possa fazer a quimio e sair do hospital.
Hoje ungi o seu berço com óleo bento para que a proteção de Jesus e Maria esteja te cercando, e que os anjos montem guarda nos quatro cantos desse hospital, para que também de noite você não sinta saudades de mim, nem medo e nem angustia. Essa noite que passou você acordou quatro vezes pedindo de mim, quero que você saiba que amo muito você e você é muito especial, forte e que tudo isso vai passar e vai ser só uma lembrança em nossas vidas.
                                                                                             Amo você
                                                                                                                                 Mamãe

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Somente na Lembrança -Contando detalhes que não foram escritos




O protocolo da quimioterapia que a Gi iria seguir eram de seis etapas, sendo a primeira de 1 dia, a segunda e a terceira 5 dias (ambulatorial) a quarta e quinta 7 dias (internada) e a última 5 dias (ambulatorial) e o intervalo entre elas de 21 dias.
Tínhamos muita fé de que a Gi não iria passar mal, rezávamos muito para isso. Mas como quem rege a nossas vidas é Deus não foi como gostaríamos que fosse,só que Ele nos sustentou em todos os momentos difíceis e como foram difíceis.
A primeira etapa foi tranquila, ela não passou mal e as defesas não caíram, então foi iniciada logo em seguida a segunda etapa.
Durante a semana da quimio a Gi não chegou a passar tão mal, só era muito nervosa como já relatei. A cada crise que dava era muito desesperador, ela se mordia, me mordia, batia a cabeça na parede, arrancava o cabelo, quando via que ficava com um punhado de cabelo na mão tentava colocar ele de novo na cabeça e chorava que não queria ficar careca, o coração da gente nesse momento se despedaçava diante daquela cena. Quando terminou a segunda etapa as suas defesas caíram muito, foi quando ela ficou internada pela primeira vez na parte da oncologia. O problema desse andar (14º andar) é que na época mãe não podia dormir com o filho, então quando a noite chegava todas tinham que ir embora independente da situação em que eles se encontravam.
Como a Giovana acabou sendo internada no feirado da Páscoa deixaram a gente ficar no 13ºandar, me deram um colchão para eu dormir no chão e eu pude ficar com ela. A Gi ficou tão mal que achávamos que ela não iria aguentar a situação, teve muita mucosite, muita febre, precisou tomar morfina para dor, o cabelo da parte da frente tinha caído tudo, só tinha um pouco atrás e como ela tinha uma mania de enrolar o cabelo no dedo, ela procurava cabelo e não achava e ficava mais revoltada com tudo aquilo.
Mas como tudo nessa vida passa essa situação também passou mas, sempre com Deus nos dando forças.
Quando o feriado terminou levaram a Gi para o andar de cima e eu não pude mais dormir com ela. Essa foi à parte mais difícil do tratamento, ter que deixar ela de noite sem a minha presença naquela situação que ela se encontrava foi muito difícil, nos primeiros dias eu a deixava chorando, depois ela acabou aceitando a situação e ficava sem chorar.
Eu nesta época já tinha muita saudade da minha casa, das meninas, dos amigos e do grupo de oração que frequentava, então tive a graça através da minha amiga Elaine de ter a Vera orando pela Gi lá no HC, neste dia a Gi estava bem abatida e devido a muitas doses de morfina o intestino dela estava parado e ela sofria muito por isso. A Vera foi no hospital, orou e quando ela estava saindo a Gi já começou a apresentar melhora, foi um dia de muitas graças para nós.
Depois da alta a Gi foi melhorando voltou para a escola, as crianças já tinham sido avisadas da situação em que a Gi se encontrava, então a adaptação dela com o chapéu foi tranquila. E assim iam se passando os dias, uns tranquilos, outros tumultuados, mas todos com Deus na situação.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Curitiba, 03 de maio de 2004




Meu anjinho faz tempo que não escrevo, graças a Deus você está bem. Depois da última vez que escrevi você foi melhorando a cada dia, na terça feira (13/04) você foi para o 14º andar, dormiu sozinha e eu fiquei com um aperto no coração,mas você ficou bem.Na quarta-feira (14/04) tivemos a graça de ter a visita da  Elaine, ela trouxe a tia Vera para rezar por você, eu fiquei muito feliz,elas dormiram uma noite no apartamento e quando foram embora a vó Ermelinda foi com elas. Na 5º feira (15/04) você teve alta e a tia Silvana veio ficar com a gente.
No final da semana o pai, o tio Carlinhos, a tia Medellen, a Isabela e o Caíque vieram para Curitiba, tivemos um final de semana muito bom.
Na segunda feira (19/04) você voltou para a escola, foi tudo normal, ninguém perguntou sobre o teu cabelo, você ficou calma a semana inteira e também começou a ir na psicóloga, você está gostando muito.
Na segunda feira passada (26/04) começou a sua 3º etapa da quimio, você voltou a ficar brava, se machuca toda, não tem paciência, está muito nervosa, fica me batendo, tem horas que não aguento, mas rezo para você melhorar, estou cansada e nervosa, mas sei que tudo vai passar com a ajuda de Deus.
A tia Silvana foi embora, é o pai que está com a gente. Ontem foi a sua última quimio da 3º etapa, você precisou transfundir plaquetas e papa de hemácias, vamos voltar na quinta feira para exames.
             Amo muito você. Que Deus te abençoe sempre
                                                                                                                Eu


terça-feira, 3 de abril de 2012

Curitiba, 11 de abril de 2004



Meu tesouro estou muito feliz, você consegui comer macarrão, disse que estava sem sal mas comeu tudo.
Hoje você tornou a ter febre, agora trocaram o antibiótico e eu tenho certeza que este vai resolver. Fizeram exames em você e até agora deram bons só está faltando o hemograma.
O Dr Cezar está de plantão e  te achou com uma carinha melhor e ele vai checar o resultado do hemograma.
O Zé Mauro também esteve aqui hoje, você ficou muito feliz.
O vô, o tio e a tia Rose foram embora hoje, o tio já ligou para ver se você estava melhor.
Todos rezam muito pela sua melhora e Deus ouve a todos nós e logo você estará ótima.
Hoje o seu pai ligou e você finalmente falou com ele, ele que ficou muito feliz. Agora você está dormindo e a sua barriga distendeu um pouco, você teve dor e ficou muito nervosa, mas Deus também vai por a mão em seu nervo e você ficará bem tranquila.


                                                                                                              Eu

O Dr Cezar acabou de sair daqui, você vai ter que transfundir plaquetas e sangue. Não vou desanimar, vou continuar crendo que Deus tudo pode. É promessa dEle “Vida e Vida em abundância”. Meu coração está apertado, mas sei que tudo é passageiro e como diz à música que eu gosto “Só não passa o amor de Deus por nós”.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Curitiba,10 de abril de 2004




Anjo meu, você está com febre novamente, espero que não seja nada grave pois não vejo a hora de irmos para nossa casa e depois para Arapongas; quero ver você com uma vida normal.
Hoje você precisou fazer um clister e logo em seguida você conseguiu fazer cocô depois disso, a sua barriga melhorou bem.
O papai ligou duas vezes mas você não quis falar com ele. Hoje a tia Rose cortou um pouco do seu cabelo, você disse que não quer ficar careca, me corta o coração e você também falou que a culpa é minha, quando você ler tudo o que escrevi você vai entender que eu te amo muito e jamais queria que isso acontecesse com você.
Hoje também falei com a Verinha, todos em Arapongas estão orando por você sem cessar e nós temos a certeza que você só terá vitória em nome de Jesus.
Você não comeu nada hoje, disse que a ferida da boca dói, mas amanhã será um novo dia e vou ter fé que será um dia maravilhoso. Amanhã vamos comemorar a ressureição de Jesus e com Ele ressuscitará uma nova vida em você. Jesus há de colocar a mão em todo o efeito colateral da quimio e você fciará ótima e nós iremos louvar muito a Jesus e Maria
                                                                                                 Te amo de montão
                                                                                                                         Eu

terça-feira, 27 de março de 2012

Curitiba, 09 de abril de 2004




Paixão você não vai acreditar, mas estamos internadas. A sua imunidade caiu muito e você está com mucosite, tem feridas na boca,no ânus enfim, por todo o trato gastrintestinal. Internamos ontem e graças a Deus me deixaram dormir com você. Estamos no 13º andar do HC, agora você está dormindo, só que tem muita dor. Te vejo assim e tenho vontade de chorar, mas não posso, pois é só uma etapa e Deus está pondo a sua mão. Filha quero que você nunca mais sofra, peço a Deus a sua libertação e que você possa dizer a todos que Deus e Maria sempre foram presença viva em sua vida. Hoje é sexta feira santa. Sofro em ver você em uma cama, imagine a dor de Maria quando viu seu único filho ser crucificado, que ela possa me amparar e me fazer mãe como ela foi.
O papai operou, liga todos os dias só que você não quer falar com ninguém no telefone. Você aqui no hospital se acalmou, dizem que é efeito da morfina. Você vai começar a tomar calmante. Parece que o corticoide te deixou com depressão, mas isso também vai passar.
O vô Expedito, o tio Gustavo e a tia Rose estão aqui em Curitiba, só que você só conversou com o tio e com a tia, ela te deu um chapéu lindo. Os seus cabelos da frente caíram tudo, só tem atrás, mas você não quer cortar, mas assim que cair tudo cresce um mais lindo.
O Dr. Cezar está de plantão aqui, até massagem no pé você ganhou dele, ele gosta muito de você e você dele. Como sempre devemos agradecer por ter pessoas tão boas ao nosso lado.
Amor sei que tudo isso vai passar, mas digo que nunca imaginei que nós iríamos passar por tantas coisas. A Quimioterapia é um tratamento muito triste, pois a criança sofre, por outro lado é a solução para certas doenças, então como sempre digo, Deus está ao nosso lado e nós vamos vencer.
 Ontem de noite você pediu para Deus tirar a sua dor, e eu peço mais, peço que nunca mais a quimio possa ter efeito colateral em você, eu sei que não podemos querer que seja feita a nossa vontade e sim a vontade de Deus, mas eu imploro que Ele permita que você não sofra mais.
                                                                                          Amo você muito
                                                                                                               Eu

sábado, 24 de março de 2012

Somente na Lembrança - Contando detalhes que não foram escritos


Tenho está época da vida da Gi meio que esquecida no meu pensamento, não sei se é intencional, ou devido ao fato que foi uma época bem tumultuada em nossas vidas. Não foi somente pelo tipo da doença, mas pelo fato do tratamento ser tão distante da minha casa (400 km), por ser um tratamento longo (seis etapas a cada 21 dias, mas que fizeram que eu ficasse um ano fora de casa) por ter deixado as meninas sem a minha presença numa idade de tantas mudanças (Aline com 14 e a Carol com 12), enfim, as lembranças do que não escrevi estão bem escondidinhas, mas vou tentar me recordar um pouco de como foi os detalhes desta época.
Até não começar a quimio a Gi estava internada em um hospital particular, onde tínhamos um pouco mais de conforto (tipo um quarto só para nós, banheiro individual e eu sempre com ela),quando foi resolvido o protocolo que iria ser seguido para o tratamento, resolveram que deveríamos fazer o tratamento no HC, pois como a Gi já tinha sido transplantada lá, todos ficariam mais seguros quanto ao andamento do tratamento. Como o HC é um hospital público as coisas são muito mais difíceis. Primeiro o ambulatório das crianças é pequeno para tantos pacientes, a gente ainda tinha o privilégio de morar perto, mas tinha tantas crianças que moravam longe que pegavam até três ônibus para chegar que cortava o coração da gente. Eu tudo compreendia, mas a Gi não, para ela já era difícil o tratamento e ter que ir lá era pior ainda. Tínhamos que chegar cedo tipo 07h30min (alguns dias em jejum) passava pela coleta de sangue, depois pela primeira consulta, depois tinha que esperar o resultado do exame, e depois é que começa a quimio (isso era no primeiro dia da quimio). No dia que fazia a quimio na espinha, chegávamos cedo (em jejum) e ficava em jejum até depois do almoço porque a anestesista só vinha neste horário. Gente como era difícil estes dias, além das crianças já não estarem bem, ainda passavam a manhã toda sem comer e sem beber. As crianças menores choravam, as maiores compreendiam, e a Gi ficava agressiva comigo, ela achava que eu era a culpada de estar fazendo passar por tudo aquilo, principalmente por estar naquele lugar.
Como já contei, quando nós descobrimos a doença tivemos a graça de ter como médica a Dra. Ivy. Ela trabalhava tanto no hospital particular, como no HC, então além do Dr Cezar tínhamos ela para nos orientar e apoiar. Como a doutora Ivy era oncologista ela nos disse que não era para adiantar muitas coisas para a Gi, era para deixar acontecer, tipo não falar que o cabelo ia cair, pois de algumas crianças o cabelo não caia, não entrar em muitos detalhes sobre a doença, pois a Gi não tinha idade para entender, enfim conforme ia acontecendo era para ir explicando. Então quando a Gi quando perguntou o que estava fazendo naquele lugar em que todo mundo era careca, dissemos que ela estava com um Linfoma e era lá que tratava, perguntou se ia ficar careca dissemos que não sabíamos, ela guardava todas essas informações e aos poucos ia percebendo às vezes com aceitação outras com revolta toda aquela situação.
O que fazia a Gi mais sofrer era puncionar a veia, pois devido a tantas internações ela tinha pouco acesso. Foi quando disseram a nós que ela iria passar um cateter, eu fiquei sem saber como dizer a ela, então pedi para o Dr Cezar ir lá em casa conversar com ela, pois como ela tinha uma afinidade muito grande com ele, tudo que ele dizia ela aceitava (na maioria das vezes). Lembro que ele chegou e ficou com ela sozinha, depois de uma conversa em que ele explicou mais ou menos o que era ela virou para ele e disse: então vai ser uma veia fácil?. Assim o cateter pra ela se passou a chamar veia fácil, pois nunca perdia e pegava de primeira.
Quando a Gi ficou doente ela iria começar a fazer a 1º série, então conseguimos matricular ela no colégio Positivo ela frequentava as aulas durante os intervalos da quimio. Ela praticamente ia duas semanas e ficava duas semanas sem ir, como era bastante inteligente conseguia acompanhar normalmente, só não conseguiu fazer muitas amizades neste ano, ficava praticamente todo intervalo do recreio na biblioteca, lá se tornou o refúgio dela. Conforme seguia o tratamento ela ia ficando cada dia mais nervosa. Ela chegava a tomar (não me lembro bem) mais ou menos 60 MG de corticoide por dia na semana da quimio. Na semana em que tomava ela ficava muito nervosa, a medicação alterava todo o seu emocional. Primeiro acharam que ela ficava desse jeito por ser mimada, indicaram uma psicóloga que foi um anjo durante todo esse período e na verdade a maior parte era culpa realmente do corticoide, claro que a Gi tinha e tem até hoje um gênio forte, e eu ainda continuo pedindo a Deus que possa fazer com que ela consiga ter um emocional mais tranquilo, mas as marcas de tudo o que ela passou até hoje ainda está muito gravada em seu ser.
Mas, como continuo crendo muito em Deus, tenho certeza que um dia ela irá ser menos ansiosa para assim não sofrer tanto como ainda sofre perante certas situações, e como existem situações difíceis nesta vida. Hoje me sinto particularmente muito mal. Minha mãe que é minha companheira em todos os meus momentos foi operada, mas graças a Deus está bem. Estou também passando por um momento da minha vida que nunca imaginei que iria passar, mas como sei que Deus sempre olha por mim e pela minha família, tenho certeza que amanhã será um dia muito melhor.



quarta-feira, 21 de março de 2012

Curitiba, 05 de abril de 2004



Querida, estamos passando por momentos bem complicados. O seu nervo está cada vez maior, você se agride, está com os braços todo mordido, arranca os cabelos, na frente já está bem ralo.
Neste final de semana o pai, as meninas, a tia Sil e a vó Nice vieram passear aqui. Você ficou muito feliz, só não passeamos porque não pode tomar sol. Hoje acabamos de fazer a 2º etapa da quimio. Você fez novamente a aplicação na espinha, tomou anestesia (cheirinho) também fez um RX do pulmão, graças a Deus não deu nada, só que está fazendo inalação. A sua barriga está muito grande e você tem dor, mas Deus há de por a mão. Você ainda não está se entendendo bem com a vó e quando suas amigas ligam você não quer falar com ninguém, nós vamos te levar em uma psicóloga, ela vai ajudar a por em ordem os seus sofrimentos.
Tivemos ontem com o Dr Cezar lá no Branca de Neve, ele acha que o seu estado de nervo tão alterado é devido ao corticoide. Hoje você para de tomar, e eu espero que volte ao normal. Amo muito você e creio que tudo isso vai passar logo, pois todos nós, tio Gustavo, vô Expedito, tia Tânia estamos sofrendo muito com tudo isso que está acontecendo com você. Todos te amam muito e acima de tudo Deus e Maria estão sempre do seu lado. Nunca pense ao contrário. Ele só prova os escolhidos.
                                                                                             Amo você
                                                                                                               Eu

segunda-feira, 19 de março de 2012

Curitiba, 01 de abril de 2004





Paixão, ontem nem escrevi de tão tumultuado que foi o nosso dia. Você teve duas crises de nervo, quase enlouquecemos. De tarde você fez uma medicação na espinha e a anestesia fez efeito contrário, você ficou enlouquecida, me mordeu, se mordeu, até o soro você arrebentou, foi horrível, depois te deram um remédio e você se acalmou. Quando chegamos em casa você tornou a ficar muito nervosa então eu não consegui escrever. Ontem você fez as seguintes medicações: Ciclofosfamida, Doxorrubicina, Leucovorin, falaram que é a Doxorrubicina que faz o cabelo cair, parece que ele já está mais fraco, você quando está nervosa puxa ele e sai um monte de fios na sua mão, então você chora que não quer ficar careca, daí ao mesmo tempo você fala que vai usar peruca, é uma confusão os seus pensamentos.
Hoje a sua medicação foi a mesma de ontem, só não fez a Doxorrubucina, você teve outra crise de nervo de manhã, bateu a cabeça na parede, fez o maior escândalo, depois passou. Durante o dia ficou um amor, só queixou de enjôo e de dor na barriga. Começou também uma tosse boba que já vou pedir para Deus por a mão. Você já está dormindo, está um pouco abatida, quieta e eu fico preocupada com medo da sua defesa estar baixando. Sabe, Deus deve ficar triste comigo, pois nunca estou contente com as coisas. Se você está brava, reclamo, se está mansa fico preocupada de você não estar bem. Tenho que ter mais confiança Nele e louvar a todo o momento pela filha que tenho, pois você é uma menina muito especial. Ele tem guardado para você algo de muito bom. Tenho certeza que você será uma pessoa que vai falar muito dos momentos de Jesus em sua vida.
                                                                                                   Com amor
                                                                                                       Eu

domingo, 18 de março de 2012

Curitiba, 30 de março de 2004




Amor, começamos hoje a segunda etapa da sua quimio, a medicação usada foi Vincristina e Metrotexato, essa faz, com que você não possa ir no sol e nem ficar em baixo de luz fluorescente por 15 dias.
Você passou bem, não teve nenhuma intercorrência só que quando voltamos para casa, você teve um ataque de nervo, se bateu, ficou muito descontrolada, eu até pensei em desistir de tudo, tem horas Gi que acho que não vou aguentar, mas depois eu me arrependo de pensar assim pois Deus age em nosso favor à todo momento e eu muitas  vezes sou ingrata com Ele.
O resultado da tomografia chegou e a sua massa diminuiu 1/3 do tamanho, isso é mais uma prova de Deus em nossas vidas. Agora você está dormindo, reclamou de dor na barriga e no olho, a vó já foi dormir e eu também vou.
                                                                                                   Te amo muito
                                                                                      Mamãe

sábado, 17 de março de 2012

Curitiba, 29 de março de 2004.



Coração, tivemos um final de semana com visitas. Veio o vovô, a Carol e a Aline. Passeamos, fomos à missa, no hospital e num monte de lugar legal.
O seu intestino começou a soltar, mas você ainda está muito constipada. Ontem teve almoço aqui em casa, veio toda a família da tia Nelci, depois fomos buscar a  Maria Vitória para vir  aqui em casa para brincar só que como você estava com dor acabaram não brincando.
Hoje fizemos uma tomografia, mas ainda não sei o resultado, fizemos também um exame de sangue, as sua defesas estão boas então resolveram começar a outra quimio amanhã. Vão ser cinco dias estou com o coração apertado, pedi para Jesus já ir tocando todo o seu ser, tirando todo efeito colateral, seu nervo, mal estar, dor complicação, enjoou, medo que tudo vá aos pés da cruz de Jesus, pois Ele é a nossa força, nosso viver.
Peço então que Ele possa te tocar e me tocar para que mais essa etapa seja vencida, com Ele a nossa frente.
                                                               Amo muito você
                                                                                       Mamãe
Que Maria viva em minha vida, me ensinando, orientado e abençoando como mãe, e como a mulher do “sim” a Deus.·.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Curitiba, 25 de março de 2004.

Meu amor, passamos com a graça de Deus mais um dia. A nossa manhã foi muito tumultuada, brigamos muito, você acordou muito nervosa e com dor na garganta, fui ao mercado com você e depois descemos no ambulatório. O Dr Lisando olhou a sua garganta, mas não tem nada aparente, ele disse que é um incomodo que você sente.
Conversei com uma psicóloga, ela vai te atender 2º feira. Hoje de tarde você foi à escola, me ligaram, mas eu não te busquei, depois você ficou legal. Agora a pouco você estava bem, jantou bem, se acalmou e eu agradeço a Deus por esta calma e creio que o Espírito Santo vai repousar sobre você. Brinquei com você perguntando de quem você era, então me respondeu de “Maria”. Tenho certeza que ela irá sempre interceder por você.
Agora a pouco falei com o papai, ele vai operar do nariz dia 06, vamos rezar para que de tudo certo.
Amanhã vem para cá o vovô Expedito e as meninas, vamos ter um final de semana bem legal.
Que Deus a abençoe.
                                                                                       Te amo muito
                                                                                                            Eu

segunda-feira, 12 de março de 2012

Curitiba, 24 de março de 2004




Coração, graças a Deus você está bem, não teve nenhum efeito colateral maior.
Hoje se queixou de dor na mandíbula, mas nem tomou remédio para dor. O seu cabelo parece que começou a cair, mas é mínimo, peço a Deus que não caia, pois não sei como você vai reagir. Você está tomando bastante remédio via oral e cada vez que tenho que te dar é um sufoco porque não quer tomar. Hoje eu chorei, estou sem saber como agir com você, você está bem enjoada, sei que não é fácil, o seu paladar mudou, tudo que você come diz que é ruim e  por causa disse quer comer toda hora para ver se descobre alguma coisa que goste. Tem horas que sinto que não vou conseguir passar por tudo isso, mas daí penso em Jesus e Nele encontro força e coragem. Rezo a Nossa Senhora a todo o momento, sei que a Mãe olha por nós.  
Amo muito você e peço mais uma vez a Deus que continue te fazendo forte e que possa acalmar esse seu coraçãozinho que tem horas que é tão perturbado.
                                                                                                                    Te amo
                                                                                                                         Ivelise

sexta-feira, 9 de março de 2012

Minha Nova Batalha



Curitiba, 23 de março de 2004

Meu amor, vamos começar de novo a escrever um diário e novamente vou escrever somente vitórias sobre a sua vida.
No dia 07 de janeiro descobrimos que você tem um Linfoma de burkitt, foi feito biopsia e confirmaram o Linfoma. Você passou o cateter no sábado e começou a quimioterapia ontem, graças a Deus tudo correu muito bem, não deu nenhuma reação você fez a quimio na espinha e colheu material para a medula, os medicamentos usados ontem foi ciclofosfamida, vincristina, prednisona e MTX (Metrotexato) intratecal. Hoje na escola você reclamou de dor , então me ligaram e eu fui te buscar. Você está muito nervosa e briga muito comigo e com a sua avó, mas nós tentamos te entender, não é fácil o que você passa, mas Deus e Maria estão sempre do seu lado.
Domingo fomos à missa, a Carol e a Aline foram conosco, fiquei muito feliz, pois na véspera do seu tratamento já tivemos uma grande benção de Deus.
Ontem quando saímos do ambulatório você quis passar na igreja, fiquei muito agradecida a Deus e falo que isso foi mais uma prova Dele em nossas vidas.
Agora você está dormindo, peço a Jesus que faça que você fique mais calma amanhã e que o Espírito Santo sopre  uma paz em todo o seu ser e tenho certeza que isto irá acontecer.
                                                                                    Amo muito você meu amor
                                                                                                               Mamãe
                                                           Indo para a Escola

quinta-feira, 8 de março de 2012

Somente na Lembrança - Contando detalhes que não foram escritos




Chegou o dia da tomografia, como a Gi já estava muito brava (pois já estava cansada de tantos exames) foi difícil puncionar a veia, então fiquei do lado dela durante a tomografia.
Depois de feito a primeira parte do exame, chegou a hora em que injetava o contraste, para então ser feito a segunda parte. Depois que a enfermeira injetou o contraste a mesa do tomógrafo moveu de uma maneira errada, o que fez com que a médica visualizasse uma parte do corpo que não iria ser examinada.
Sempre falo que foi a mão de Deus que fez com que do nada essa mesa se movesse de maneira contraria.
A médica parou o exame, me chamou e perguntou se a Gi  já havia tido algum problema no pulmão, eu disse que não, então ela perguntou se já havíamos feito algum exame relacionado aquela região, eu disse a ela que a Gi tinha feito um mapeamento do corpo inteiro havia 1 ano e que o resultado era normal; então ela continuou com as perguntas tipo, porque tinha sido feito esse exame, falei que tinha sido por causa de uma PTLD no intestino daí ela olha para mim e diz assim: mãe eu acho que a doença voltou e a sua filha está com um tumor no pulmão.
Eu fiquei paralisada, sem saber o que fazer, ela então terminou o exame e o laudou; foi visualizada uma massa no mediastino medindo 5x9cm.
Isso aconteceu no dia 07 de janeiro, permanecemos internadas para mais investigações e nos foi apresentada uma nova médica, Dra. Ivy, e desde o início tivemos por ela uma grande confiança e amizade que permanece até hoje.
Depois desse diagnóstico foi tirado novamente o Prograf (imunossupressor) da Gi, aumentado a dose do corticoide e começado o tratamento com ganciclovir, visto que novamente o vírus Esptein barr tinha “acordado”. Foi feito uma biopsia dessa massa cujo resultado foi: Linfoma de Burkitt, grau IV, indolente, agressivo. Sendo a Gi a primeira criança do HC transplanta e com câncer, as imagens foram enviadas para a França e de lá viria o protocolo a ser seguido para o tratamento.
Depois de 40 dias entre internação e ambulatório, como não tinha vindo ainda o protocolo da químio a ser seguido e era carnaval, me deixaram levar a Gi para a praia, vieram então as minhas meninas, meu pai, meu irmão, minha irmã, a Tati, o João e a Rose e conseguimos realizar o sonho dela em ver novamente o mar.
De novo pude ter a alegria em ver a Gi sem soro, correndo, se divertindo; mesmo eu sabendo que ia durar só 4 dias agradecia a Deus por ter permitido essa graça antes de começar uma fase em que não imaginávamos o que iria acontecer. Eu olhava a Gi, tão linda, aparentemente tão saudável e pensava: Senhor será que ela vai aguentar, como vou contar para ela, como vou ficar fora da minha casa por um ano, a única coisa que posso dizer é que tudo se arranja, Deus vai à frente arrumando tudo, só que do jeito Dele e muitas vezes queremos que tudo seja resolvido rapidinho mais o nosso tempo não é igual ao de Deus, e é isso que precisamos aprender e compreender. Até hoje mesmo tendo passado por todas essas situações, quando aparece em minha vida situações que eu jamais esperava que fossem aparecer, temo, sofro choro, mas daí Deus me levanta e eu sigo em frente, ora tropeçando, ora levantando, mas sempre seguindo e nunca desistindo. Foi assim que passamos o ano de 2004, que agora vou contar.

Internada para investigação

                                               Praia antes do início da quimio

quarta-feira, 7 de março de 2012

Somente na Lembrança - Contando detalhes que não foram escrito




Sempre que me perguntam quanto tempo da Gi permaneceu com problema de saúde eu digo que ela teve um por ano até 2004.
Como já contei, em 2002 ela teve os linfonodos no intestino e ficou sem tomar o remédio da rejeição por cinco meses. Tínhamos uma esperança enorme que ela pudesse viver sem essa medicação, mas depois de cinco meses ela precisou tomar novamente (só que numa dose bem baixa para evitar o reaparecimento da PTLD).
Em 2003 a Gi começou novamente a ter colangite, então voltamos de novo às rotinas de exames, internações e novos médicos.
Depois de muitos exames de imagem, chegaram à conclusão que o fígado da Gi estava com um pequeno vaso obstruído e por causa disso tinha tantas colangites, então fomos encaminhadas para outro médico Dr Alexander Curvello que iria tentar desobstruir através de uma técnica usando cateter. Foi feito o procedimento e deixado um dreno no local. A Gi continuou a levar uma vida quase normal mesmo com o dreno, ela o carregava numa bolsinha de lado, ia para a aula e até participou de uma dança no encerramento de final de ano no colégio e foi neste dia que tivemos uma revelação que não entendemos na hora, achávamos que era sobre o dreno, mas Deus nos mostrava muito mais e isso só fomos entender depois.
Neste dia do encerramento, estava tendo em Arapongas um encontro com o Ironi Spuldaro, então a Vera me disse que depois que a Gi dançasse era para eu leva-la no encontro para que ele orasse por ela. Chegando ao encontro ele orou e disse que Deus mostrava para ele células se regenerando, vida nova e perguntou o que a Gi tinha, dissemos que era um problema hepático e que ela estava usando um dreno, então ele falou que Deus mostrava vida e nós então achamos que o fígado da Gi iria ficar bom e ela não teria mais tantos problemas.
No dia do Natal sem nenhuma explicação a Gi perdeu o dreno, fui dar banho nela e do nada as mangueirinhas que estavam dentro dela saíram. Ficamos desesperados ligamos para Curitiba e no outro dia já estávamos na estrada para eles passarem o dreno novamente.
Quando foi no dia de Ano de novo a Gi perdeu o dreno outra vez, ligo novamente para o Dr Alexander e ele fica sem entender como o dreno podia escapar. Ficou de ligar para o médico que havia feito o transplante da Gi e que me retornava para ver o que iria ser feito.
Quando me ligou disso que o Dr Júlio achava melhor não mexer mais para não forçar o canal, só que eu senti que não era essa a vontade do Dr Alexander, então perguntei se fosse a filha dele o que ele faria, me lembro de que ele disse: Ivelise assim você pegou pesado, vou pensar e te ligo novamente.
Quando me ligou disse que depois de uma reunião tinham decidido repassar o cateter, isso se o trajeto não tivesse sumido, então fomos novamente para Curitiba.
Chegando lá ele nos informou que na realidade ele iria fazer um procedimento nunca feito, eles iriam obstruir por completo este vaso que tinha problema com uma cola usada na área da neurologia. Eu fiquei na hora desesperada com medo de dar errado mas e ele tornou a frisar que só iriam fazer tal procedimento se ainda tivessem a visualização do trajeto, o que talvez fosse improvável visto que já faziam 3 dias que a Gi estava sem o dreno.
Liguei na casa de oração para avisar a todos sobre a situação e pedimos a Deus que se fosse para dar certo, que eles visualizassem o trajeto, caso contrário que o trajeto tivesse sumido.
Depois de um tempo (que para mim pareceu uma eternidade), o dr Alexander veio e disse que tinha dado certo, que dali por diante a Gi teria uma vida normal e que ela poderia até realizar o sonho de ir para praia novamente, já que só havia ido quando tinha um ano e pedia muito para ir de novo.
Falou também que iríamos ficar internado para dali dois dias fazer uma tomografia para ver como tinha ficado o procedimento
Liguei para todo mundo contando, mas mesmo com o fato do médico dizer que tinha dado tudo certo, meu coração não estava sossegado, tinha algo que não me deixava ficar tão feliz, acho que era aquele sentimento que só mãe tem quando algo não está bem com seu filho.