Todo esse período que passou foi
muito difícil, tanto para mim quanto para todos da nossa família.
Colocávamos muita esperança na
cirurgia, pois o Dr Lúcio iria fazer uma nova derivação e tínhamos certeza que
com isso a Gi pararia de ter colangites e o fígado iria melhorar. Nesta época o
fígado já estava com muita cirrose. Para a cirurgia precisamos de doadores de sangue,
fomos para Londrina no IHEL com meu pai e com a Tani. A Tani tinha o mesmo tipo
de sangue da Gi B+ e o meu pai sempre foi doador de sangue e eu nunca tinha
perguntado o tipo sanguíneo dele, na verdade achava que era O+ (doador universal)
mas na realidade ele era B+. Logo depois da cirurgia a Gi voltou a fazer fezes
com cor e isso era muito bom pois mostrava que havia sido desobstruído o canal,
mas como sempre digo Deus tinha outro plano que nós ainda não sabíamos, ela começou
a ter todas as complicações que já mencionei. Foram dias que nunca esquecerei.
Na época tinha cinco crianças com problemas graves no Hospital Infantil e só a
Gi sobreviveu, como é duro ver mães sofrendo, até hoje se fecho os meus olhos
vejo um pai no estacionamento chutando os pneus dos carros, tamanha dor ele
sentia por ter tido a notícia da morte do filho. Lembro também da dor da Dra.
Jaqueline vendo seus pacientes indo embora e sem poder fazer mais nada. Gente
vocês não imaginam que médica a Dra. Jaqueline é, ou os médicos acreditam em
Deus ou na ciência, ela é diferente, ela é daquelas que na missa oferece os
seus pacientes, ela é aquela que sofre com seus pacientes e para nós ela se
tornou mais que uma médica, é uma pessoa que jamais poderei agradecer tudo que
me fez.
O Dr Álvaro é outro que eu digo
que não existe, quanta disponibilidade, quanto amor teve pela Gi e por nós nos
nossos piores momentos. Até hoje é o médico da Gi e continua do mesmo jeito
sempre atencioso e passando aquela confiança que para nós, mães, é tão
importante.
Quando a Gi deu uma melhorada
ficamos tratando ,indo e vindo de Londrina, ela piorou voltamos para o hospital
e quando melhorou um pouco fomos para a casa da minha cunhada Silvana que se
doou inteiramente para nós, ela a Helen e o Jaci. Como foram dias difíceis lá,
quanto a Gi sofreu e quanto a Sil me ajudou, sempre falo que ela é um dos anjos
que Deus enviou nas nossas vidas. O Outro anjo é a minha prima Marisa, ela me
sustentou com suas orações, quantas vezes eu ligava para ela e pedia para ela
interceder junto a Jesus por minha causa, lembro que dizia a ela que eu achava
que Deus ouvia mais a ela do que a mim e ela sempre dizia que não (mas até hoje
ligo para ela nos meus momentos de desespero), tive muito anjos, a mãe dos
anjos foi a minha mãe, nunca saiu do meu lado, minha irmã foi o anjo das minhas
outras filhas, e tive muitos, mas muitos outros anjos, pessoas que eu nem
conhecia , é nessas horas que nascem as verdadeiras amizades tipo a Beth (minha
comadre amada em que a nossa amizade foi iniciada na dor).
Conforme a Gi ia piorando o
transplante hepático inter vivos começou a ser o único caminho, mas não
sabíamos quem iria doar. A Carol era do mesmo tipo sanguíneo, mas não tinha
idade, eu AB-, o Edson A+, foi ai que fomos ver que o meu pai era B+ e a partir
desse momento a vida da Gi ficou nas mãos de Deus e na do meu pai.
Quando a Gi deu uma estabilizada
conseguiram a transferência para São Paulo, quando a ambulância veio nos buscar
lembro-me das despedidas das enfermeiras no hospital, e logo que saímos à irmã
que trabalhava no hospital fez uns papeizinhos de intenção e entregava para o
pessoal para que todos orassem pela vida da Gi.
Em São Paulo foi muito difícil,
lá era pelo SUS e ficamos nove dias, a Gi só ficava deitada, nem conseguia
sentar, não tinha lugar para mãe dormir, então dormi sete noites sentada em uma
cadeira e duas noites a minha mãe dormiu, se colocávamos a cabeça na grade do
berço já levava bronca, era muito triste. Foram feitos muito exames no meu pai
para ver se ele poderia ser o doador e ele foi aprovado, mas como a Gi estava
muito mal resolveram não fazer o transplante pois ela não agüentaria então
mandaram a gente embora (outra
providencia de Deus).
Quando saímos do hospital e
chegamos no hotel é que vimos que a Gi não andava mais nem com a gente
segurando. Ela tinha perdido massa muscular precisou fazer muita fisioterapia e
reaprender a andar.
Voltamos para casa; aos poucos
ela foi se recuperando e as nossas orações aumentando. Chegou o aniversário de
3 anos, fizemos uma festa, que alegria poder ver a Gi completar mais um ano de
vida, foi uma festa diferente ao mesmo tempo alegria e incerteza pois não sabíamos quando ela iria fazer o transplante, mas como Deus sabe a hora e o lugar certo ela foi para Curitiba e transplantou.
Comecei então a fazer um novo diário em
que coloquei na capa : MINHA SEGUNDA VIDA.
É ele que irei contar agora......
Minha Família
Minha prima Isabela
Minha prima Helen
Minha tia Tânia