Hoje falo de outra pessoa que marcou muito a nossa passagem na UTI. A Dra Cristina na época era uma das três residentes da UTI. No início uma pessoa mais séria, mais reservada e que me disse algo na época que achei meio pesado, pois vínhamos de muito sofrimento, ela tinha falado a respeito do gênio forte que a Giovana tinha (tem). Ela falou que em algumas situações eu tinha que ser mais firme com ela, quando me disse isso lembro que fiquei chateada, pois a Gi tinha quase morrido, como poderia ficar brava com ela? Hoje Dra Cristina vejo o quanto você estava certa, a Gi continua com aquela personalidade toda dela, sempre lutando com tudo, a única coisa que não faz mais é beslicar as médicas quando vão puncionar sua veia.
Depois desse início de relacionamento, a Dra Cristina e a Giovana se tornaram muito próximas, ao ponto de saírem para passear juntas. E ela passou a ser para a Giovana e para mim outro ponto de apoio, uma pessoa que jamais esqueceremos.Quanto às mortes que contei foram muito duras. Se fechar os meus olhos lembro-me de tudo. Quando tinha alguma criança muito mal, eles normalmente pediam para a gente sair, mas como a Gi começava a chorar quando eu saia eles permitiam que eu ficasse. A Fabiane era uma menina que tinha ido ao hospital para passar o cateter para o início da quimioterapia, não sei o que deu errado, mas ela faleceu, lembro dela deitada na cama com um laço vermelho prendendo o seu cabelo era muito bonita. O Mateus tinha um problema no sangue, pouco antes dele falecer o seus pais entraram e cada um ficou de um lado da cama com as mãos impostas em oração, nessa hora meu coração pareceu que ia explodir de tanta dor de ver aquela cena. Sempre nos meus desesperos eu ligava para a Vera que é uma pessoa muito abençoada e com grande poder de oração, para ela interceder por nós, nesse dia disse a ela que parecia que eu estava em um campo de batalha.A morte nos rondando e Deus nos protegendo. Agradeço muito a Deus por todo esse amor que ele tem por nós.
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