quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Somente no Pensamento - Contando Detalhes Que Não Foram Escritos



Todo esse período que passou foi muito difícil, tanto para mim quanto para todos da nossa família.
Colocávamos muita esperança na cirurgia, pois o Dr Lúcio iria fazer uma nova derivação e tínhamos certeza que com isso a Gi pararia de ter colangites e o fígado iria melhorar. Nesta época o fígado já estava com muita cirrose. Para a cirurgia precisamos de doadores de sangue, fomos para Londrina no IHEL com meu pai e com a Tani. A Tani tinha o mesmo tipo de sangue da Gi B+ e o meu pai sempre foi doador de sangue e eu nunca tinha perguntado o tipo sanguíneo dele, na verdade achava que era O+ (doador universal) mas na realidade ele era B+. Logo depois da cirurgia a Gi voltou a fazer fezes com cor e isso era muito bom pois mostrava que havia sido desobstruído o canal, mas como sempre digo Deus tinha outro plano que nós ainda não sabíamos, ela começou a ter todas as complicações que já mencionei. Foram dias que nunca esquecerei. Na época tinha cinco crianças com problemas graves no Hospital Infantil e só a Gi sobreviveu, como é duro ver mães sofrendo, até hoje se fecho os meus olhos vejo um pai no estacionamento chutando os pneus dos carros, tamanha dor ele sentia por ter tido a notícia da morte do filho. Lembro também da dor da Dra. Jaqueline vendo seus pacientes indo embora e sem poder fazer mais nada. Gente vocês não imaginam que médica a Dra. Jaqueline é, ou os médicos acreditam em Deus ou na ciência, ela é diferente, ela é daquelas que na missa oferece os seus pacientes, ela é aquela que sofre com seus pacientes e para nós ela se tornou mais que uma médica, é uma pessoa que jamais poderei agradecer tudo que me fez.
O Dr Álvaro é outro que eu digo que não existe, quanta disponibilidade, quanto amor teve pela Gi e por nós nos nossos piores momentos. Até hoje é o médico da Gi e continua do mesmo jeito sempre atencioso e passando aquela confiança que para nós, mães, é tão importante.
Quando a Gi deu uma melhorada ficamos tratando ,indo e vindo de Londrina, ela piorou voltamos para o hospital e quando melhorou um pouco fomos para a casa da minha cunhada Silvana que se doou inteiramente para nós, ela a Helen e o Jaci. Como foram dias difíceis lá, quanto a Gi sofreu e quanto a Sil me ajudou, sempre falo que ela é um dos anjos que Deus enviou nas nossas vidas. O Outro anjo é a minha prima Marisa, ela me sustentou com suas orações, quantas vezes eu ligava para ela e pedia para ela interceder junto a Jesus por minha causa, lembro que dizia a ela que eu achava que Deus ouvia mais a ela do que a mim e ela sempre dizia que não (mas até hoje ligo para ela nos meus momentos de desespero), tive muito anjos, a mãe dos anjos foi a minha mãe, nunca saiu do meu lado, minha irmã foi o anjo das minhas outras filhas, e tive muitos, mas muitos outros anjos, pessoas que eu nem conhecia , é nessas horas que nascem as verdadeiras amizades tipo a Beth (minha comadre amada em que a nossa amizade foi iniciada na dor).
Conforme a Gi ia piorando o transplante hepático inter vivos começou a ser o único caminho, mas não sabíamos quem iria doar. A Carol era do mesmo tipo sanguíneo, mas não tinha idade, eu AB-, o Edson A+, foi ai que fomos ver que o meu pai era B+ e a partir desse momento a vida da Gi ficou nas mãos de Deus e na do meu pai.
 Quando a Gi deu uma estabilizada conseguiram a transferência para São Paulo, quando a ambulância veio nos buscar lembro-me das despedidas das enfermeiras no hospital, e logo que saímos à irmã que trabalhava no hospital fez uns papeizinhos de intenção e entregava para o pessoal para que todos orassem pela vida da Gi.
Em São Paulo foi muito difícil, lá era pelo SUS e ficamos nove dias, a Gi só ficava deitada, nem conseguia sentar, não tinha lugar para mãe dormir, então dormi sete noites sentada em uma cadeira e duas noites a minha mãe dormiu, se colocávamos a cabeça na grade do berço já levava bronca, era muito triste. Foram feitos muito exames no meu pai para ver se ele poderia ser o doador e ele foi aprovado, mas como a Gi estava muito mal resolveram não fazer o transplante pois ela não agüentaria então mandaram  a gente embora (outra providencia de Deus).
Quando saímos do hospital e chegamos no hotel é que vimos que a Gi não andava mais nem com a gente segurando. Ela tinha perdido massa muscular precisou fazer muita fisioterapia e reaprender a andar.
Voltamos para casa; aos poucos ela foi se recuperando e as nossas orações aumentando. Chegou o aniversário de 3 anos, fizemos uma festa, que alegria poder ver a Gi completar mais um ano de vida, foi uma festa diferente ao mesmo tempo alegria e incerteza pois não sabíamos quando ela iria fazer o transplante, mas  como Deus sabe a hora e o lugar certo ela foi para Curitiba e transplantou.
Comecei  então a fazer um novo diário em que coloquei na capa : MINHA SEGUNDA VIDA.
É ele que irei contar agora......








Minha Família


                                                      Minha prima Isabela

                                                     
                                                        Minha prima Helen


                                                         Minha tia Tânia

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