quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Somente na Lembrança - Contando detalhes que não foram escritos




Conforme vou postando esse diário vai voltando em minha mente tudo o que passei. Tem coisas que ficaram guardadas bem lá no fundo da memória, tipo, a saudade que sentia da Aline e da Carol, na época elas estavam com 11 e 08 anos e tinham ficado em Arapongas com meu marido. Lembro que falava com elas no telefone todos os dias, mas não era a mesma coisa. Nesse primeiro final de semana que elas vieram como foi bom, só que ao mesmo tempo difícil, pois elas não puderam ver a Giovana nenhum pouquinho, mas mesmo assim éramos novamente uma família junta no mesmo lugar. Como já escrevi a Gi seguia na UTI, tinha dias que eram bem difíceis, ela tinha e tem até hoje um gênio muito forte, na realidade acho que ela lutou tanto para viver que mesmo agora que está bem, ela continua com certa dificuldade de ser calma. O fato de ela ter sido operada duas vezes com uma diferença de uma semana fez com que o  corte da cirurgia abrisse, tentaram dar ponto, mas a pele não aguentou então ela tinha um pedaço da cirurgia aberta e a cicatrização teria que ser de dentro para fora, era muito sofrimento, principalmente na hora do curativo, ela chorava de dor e também por que em qualquer procedimento que iriam fazer com ela na UTI eles pediam para eu aguardar lá fora, então imagina o desespero, ela só tinha 3 anos e na hora que iria sofrer ainda me mandavam sair. Lembro que eu saia sempre chorando, como era difícil para eu largar ela naquele momento, ainda por cima que depois ela sempre achava que a culpa era minha, pois na cabecinha dela eu não tinha ficado para dar a ela proteção.
A mesma coisa acontecia na hora de ir embora à noite. Tinha enfermeiras que chegavam e falavam na frente dela que eu tinha que ir embora, vocês não imaginam que hora mais difícil, eu saia e deixava-a chorando, então eu ficava do lado de fora da UTI esperando ela parar de chorar para então eu ir. Mas nesses lugares também tinham aquelas pessoas que falei que eram anjos. O Dr Cezar quando tinha que fazer qualquer procedimento nela não mandava eu sair, a Dra. Adriana quando ficava de plantão e a Gi não conseguia dormir, ficava com ela no colo, e tinhas outras médicas que ainda irei falar,todos moram em meu coração e eu serei eternamente grata por tudo que me fizeram. A minha mãe era a minha companheira inseparável (é até hoje) e revezava comigo na UTI, mas era bem complicado.Como já contei tinha dias que a Giovana deixava a gente de cabelo em pé. Eu entrava e dali a pouco ela queria a vó, então eu saia e minha mãe entrava e fazia todo o procedimento de lavar as mãos, colocar avental, colocar máscara e dali a pouco a Giovana falava que queria eu. Então eu vinha, fazia todo o procedimento e ela então pedia comida, eu ligava para a minha mãe, ela ia ao apartamento que ficava em frente ao hospital preparar algo para a Gi, só que esse preparar era também bem complicado, pois tinha que ser tudo esterilizado (acho que a minha mãe nunca lavou tanto as mãos na sua vida rsrsrsrsr), ai ela voltava, entrava, sentava e a Gi já me queria de volta, ai a minha mãe me chamava e começava tudo de novo, mas graças a Deus que começava, pois muitas mães não tiveram a graça de poder fazer isso, pois seus filhos não tinham conseguido sobreviver.
 Hoje uma amiga postou assim para mim: "Pessoas especiais, recebem graças especiais".
Então eu torno a agradecer a Deus por ter me dado tantas graças especiais, pois se conseguimos tantas graças é porque aos olhos Dele somos especiais.

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